“Vida é aquilo que lhe acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos.” São essas sábias e emocionantes palavras ditas por John Lennon na música “Beatiful Boy (Darling Boy), um de seus últimos trabalhos, presente no seu último álbum lançado quando ainda estava vivo, Double Fantasy. A música foi escrita para o seu filhinho de 5 anos, Sean, e, mesmo sendo considerada hipócrita por alguns – devido ao fato de John nunca ter dedicado uma canção tão forte ao seu primeiro filho, Julian (quem fez o serviço foi Paul, em “Hey Jude”) -, esta marca uma emocionante prova de amor que John sentia pela sua família.
Infelizmente, o álbum Double Fantasy, lançado após um longo recluso artístico de 5 anos do músico, marca uma notável despedida de Lennon à vida mortal, que lhe era tão preciosa quando estava junto de Yoko Ono e Sean. John sonhava em ter uma chance e voar para algum lugar distante com sua família, porém, acabou indo ele para um mundo onde não há paraíso, sem inferno abaixo e acima apenas o céu. Quem diria que, após aquela trágica noite de 8 de dezembro de 1980, a música (Just Like) Starting Over, de Double Fantasy, ficaria lembrada como a principal marca da tal despedida de Lennon.
Três músicas, na verdade, do álbum Double Fantasy, marcam características que foram fundamentais para a vida John Lennon: “Beautiful Boy” é marcado pelo amor que sentia pelo seu filho pequeno; “Woman” é marcada pelo carinho e gratidão que John tinha por Yoko (coisa que o músico aprendeu bastante ao longo do tempo) e “(Just Like) Starting Over” marca a despedida e o recomeço de uma nova vida tanto para o músico (uma vida espiritual) quanto para a sua família.
Questionado uma vez por jornalistas o porquê de residir em Nova York, John respondeu: “Aqui, me deixam viver.”. Apesar do grande pesar que ocorreu em dezembro de 1980, Lennon realmente viveu a vida que sempre sonhou na Grande Maçã. Passeava tranquilamente pelo Central Park, participava de campanha contra a violência e à favor da paz, dava entrevistas e autógrafos quando um fã o reconhecia, sempre espontâneo e atencioso, muito diferente do John Lennon jovem e rebelde do início da carreira.
Nascido em 9 de outubro de 1940, em Liverpool, John Lennon teve uma infância traumática. Seu pai havia o abandonado e sua mãe sofria de problemas psicológicos. Foi criado pela tia, Mimi Smith, que era bastante conservadora e não acreditava que a música traria ao sobrinho uma vida de sucesso.
Quando John começou a se aproximar da mãe, no final dos anos 50, esta é morta atropelada por um policial bêbado. Foi Julia Lennon que incentivou o filho a ingressar na carreira musical, fazendo liderar a banda The Quarrymen. Porém, o acontecimento mais importante em sua vida, que mudaria para sempre sua carreira, foi conhecer Paul McCartney, em 6 de julho de 1957. Assim, Lennon-McCartney lideraram juntos a banda que, pouco depois, se tornaria The Beatles. De 1962 a 1970, John Lennon viveu o sucesso da Beatlemania pelo mundo inteiro e compôs obras de extrema importância para o mundo da música, como: Strawberry Fields Forever, Penny Lane, In My Life, Nowhere Man, Across The Universe, A Day In The Life, entre outras.
Outro acontecimento importante em sua vida foi no ano de 1966, quando conheceu a artística plástica contemporânea Yoko Ono. Os dois se casaram em 1969 e promoveram uma campanha a favor da paz, ficando um mês na cama. O protesto, considerado por muitos uma grande pancada de marketing pessoal, se chamou “Bed-in”.
Na Plastic Ono Band, banda formada logo após o fim dos Beatles, e na carreira solo, Lennon desenvolveu famosas músicas como “Give Peace A Chance”, “How Do You Sleep”, “Imagine – um dos maiores hinos da paz mundial e, consequentemente, uma das músicas mais importantes de todos os tempos -, “Happy Xmas (War Is Over)”, “Instant Karma”, “Mind Games”, entre outras.
John estava desde 1975 sem lançar algum material novo. Seu último álbum de estúdio havia sido um conjunto de regravações de Rock dos anos 50 e 60, “Rock N’ Roll”. Entre as canções, está a clássica regravação de “Stand By Me”, de Bem E. King. Em 1980, Lennon retorna com Double Fantasy. No final daquele ano, ainda dando entrevistas por causa do novo projeto, o músico e a esposa, Yoko Ono, saíram à tarde para um estúdio de gravação, onde aconteceria uma entrevista de rádio. Quando Ono e Lennon saíram do Edifício Dakota, na frente do Central Park, se depararam com uma multidão na calçada aguardando-os. Lennon atendeu à quase todos, inclusive um estranho rapaz que pediu pra que John autografasse seu disco de Double Fantasy – uma foto do momento foi capturada, porém, me recuso a postá-la no site, uma vez que o sujeito estranho seria o assassino de John Lennon.
Quando voltou ao Dakota, por volta das 22:50, John e Yoko estavam a caminho do portão principal do Edifício quando uma voz chama o músico: “Mr. Lennon!”. Era o tal rapaz estranho, chamado Mark Chapman, que disparou 5 tiros contra John; 4 acertaram em cheio o músico, um deles rompendo sua artéria, o que o fez perder 80% do volume sanguíneo. Chapman foi abordado no local pelo segurança do Dakota e cumpre a pena de prisão perpétua. Segundo o assassino, ele teria feito o que fez devido às declarações de Lennon sobre Deus, considerado por ele uma blasfêmia, e pela afirmação de que “os Beatles eram mais populares que Jesus”, em 1966. Chapman afirmou que vozes do além o atormentavam, dizendo para ele matar o músico. Há, obviamente, várias teorias conspiratórias a respeito do caso, como uma que envolve questões políticas e até mesmo a CIA no assassinato de John Lennon.
Há 35 anos, o mundo perdia não só um grande músico, compositor e idealista, mas também o Herói da Classe Trabalhadora, a Morsa, o "Homem Ovo", o Homem/Garoto de Lugar Nenhum, o Culpado que nunca poderia ler sua mente, o Cara Ciumento que lamenta muito por ter feito você chorar e, principalmente, o Sonhador que Imaginava e que até hoje nos faz Imaginar que, um dia, o mundo viverá como um só.
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