“Caetano, venha ver aquele preto que você gosta!” dona Canô mãe de Caetano Veloso chamou o filho para assistir na TV a apresentação de um artista que de tanta beleza rítmica acabava ganhando espaço e invadido mundos pessoais. Gilberto Gil, Gilberto da Bahia, do Brasil, do expresso 2222. O menino que aprendeu acordeon aos 9 anos é o mesmo menino de cabelos brancos que toca violão aos 70, com fôlego de adolescente rebelde.Gil já passou de ídolo,virou patrimônio musical do Brasil.Violonista,cantor,compositor e cidadão de Salvador,mas com o coração em Ituaçu (cidade onde passou a infância).
A Tropicália não poderia passar despercebida, o movimento ajudou muitos artistas descobrirem seu potencial. O cidadão que fugiu do seu país rumo à Inglaterra para não ser vitima da repreensão foi tentar se sentir a vontade, não podia tirar as sandálias em sua própria casa. Não aguentou a distância e resolveu desabotoar a camisa. Quando encontrado pela policia em plena Ditadura passou horas sendo interrogado pelos “amáveis” policiais do DOPS. Depois de algumas horas ele foi liberado, caminhando pela areia da praia do Rio de Janeiro foi compondo “Aquele abraço” provando o sabor da liberdade bem temperada. O fino e delicado baiano não precisa provar mais nada, só precisa ser Gil. Músicas lendárias fazem parte da trajetória do cantor,: Domingo no Parque, Preciso aprender a só ser, Cálice e Andar com Fé.
Em notas não consigo reproduzir o que penso, minha tentativa tem que ser pelo chão, pela terra da escrita. Seu Gil, o preto da dona Canô,o pai de Preta Gil,o avô que não tem medo da morte,mas tem medo de morrer.A cada dia vai fortalecendo a nossa cultura e vou percebendo que o Brasil é um espaço de Gil e companhia.Morrer será impossível, as obras são fragmentos atletas de Gil.
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