“A canção , em meio à
repressão.”
Por Bruno Mário
Olá Mestres e Mestras ,
nessa tarde de quarta-feira, sempre um bom momento pra recordar coisas, vamos
relembrar, então, um pouco da música brasileira no período do regime militar
(1964 – 85). Como se sabe, muitos artistas contrários ao regime, costumavam
utilizar mensagens subliminares em suas canções, para que passasse
“Despercebido” pela censura prévia. Outras músicas, por outro lado, davam
alguma moral ao governo. Vamos a algumas que marcaram a época :
- Chico Buarque - Cálice
O caso mais famoso de
mensagem subliminar . Chico compôs esse single em 1973, mas só foi lançado no
mercado 5 anos depois. A ideia era associar “Cálice” a “Cale-se”; os sons são
idênticos, mas só foi ao ar devido à mudança feita na letra.
- Raul Seixas – Mosca na Sopa
O “Maluco Beleza”
estava em pleno auge da carreira quando lançou essa música , na metade da
década de 1970’. A mensagem que ele queria passar era ainda mais óbvia que o
caso de Chico Buarque; ele (Raul) era a mosca, que pousou na sopa dos militares
e a partir de então, incomodava-os sem medo de ser “Silenciado”.
- Os Incríveis – Pra frente Brasil
Por falar em
“Ditadura”, como não lembrar da música que embalou os brasileiros na conquista
do Tricampeonato em 1970 ? Foi a partir desse período que o povo passou a
associar “Pátria”, “Nação” e “Seleção” mais fortemente; imediatamente após a
euforia, veio o chamado “Milagre econômico”, em 1972 .
- Roberto Carlos – Eu sou terrível
Bailes eram um
entretenimento muito comum pra juventude daquela época. E esta música do Rei
animava mais ainda os casais de adolescentes apaixonados. Roberto Carlos sempre
se portou, em suas canções, indiferente (Ou quase) à situação política do país na
época.
- Maria Bethânia – Carcará
Outro exemplo de
mensagem subliminar, onde “Carcará” fazia alusão aos militares. A voz de Maria
Bethânia foi um dos diferenciais para esse novo “Entendimento” sobre a música,
que foi interpretada antes por Nara Leão.
- Erasmo Carlos – Sentado à beira do caminho
Esse clássico marcou o
auge da Jovem Guarda. Certamente muitas pessoas ouvem essa música até hoje. Assim
como Roberto Carlos , Erasmo não se preocupava muito em criticar o governo
militar, característica comum a todos os membros do grupo.
- Caetano Veloso – Alegria, alegria
Essa música, de 1967,
abriu o caminho para as perseguições sofridas por Caetano em todo o regime. Ela
retratava de forma escancarada os problemas da época, os abusos, as restrições
que impuseram à população e coisas afins que eram cotidianas.
- Elis Regina – O Bêbado e o Equilibrista
A cantora gravou essa composição
de João Bosco e Aldir Blanc no final da década de 70’ , com o regime já em fase
de decadência. Ela pretendia dar força e voz aos que queriam a anistia .
- Caetano Veloso – É Proibido Proibir
Em pleno início da
ditadura “Ferrenha”, Caetano fez a loucura de gravar essa música, que foi uma
verdadeira provocação aos militares. Ao cantá-la no teatro da PUC-SP , levou como
prêmio, uma vaia da plateia.
- Geraldo Vandré – Caminhando ( Pra não dizer que não falei das flores )
Essa música , gravada em
1968, em pleno governo do General Costa & Silva, com certeza foi o símbolo
das pessoas que eram contrárias ao regime, cansadas de perseguições e mais
perseguições. Com um toque de anarquismo e outro de repúdio aos militares,
Vandré inclusive, convocava os expectadores à revolta.
Vale lembrar também, desses 21 anos que, enquanto as figuras da MPB faziam essa "Guerra" de ideologias de acordo com o contexto político de então ( "Reacionários" vs "Elite" ), a música nacional foi bastante depreciada, perdendo espaço para o Pop e o Rock americano, que na época estavam a mil por hora.
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