quarta-feira, 11 de novembro de 2015

#TocaFitas - Episódio III


“A canção , em meio à repressão.”

Por Bruno Mário

  Olá Mestres e Mestras , nessa tarde de quarta-feira, sempre um bom momento pra recordar coisas, vamos relembrar, então, um pouco da música brasileira no período do regime militar (1964 – 85). Como se sabe, muitos artistas contrários ao regime, costumavam utilizar mensagens subliminares em suas canções, para que passasse “Despercebido” pela censura prévia. Outras músicas, por outro lado, davam alguma moral ao governo. Vamos a algumas que marcaram a época :

  •  Chico Buarque - Cálice

 O caso mais famoso de mensagem subliminar . Chico compôs esse single em 1973, mas só foi lançado no mercado 5 anos depois. A ideia era associar “Cálice” a “Cale-se”; os sons são idênticos, mas só foi ao ar devido à mudança feita na letra.

  •  Raul Seixas – Mosca na Sopa

 O “Maluco Beleza” estava em pleno auge da carreira quando lançou essa música , na metade da década de 1970’. A mensagem que ele queria passar era ainda mais óbvia que o caso de Chico Buarque; ele (Raul) era a mosca, que pousou na sopa dos militares e a partir de então, incomodava-os sem medo de ser “Silenciado”.

  •  Os Incríveis – Pra frente Brasil

 Por falar em “Ditadura”, como não lembrar da música que embalou os brasileiros na conquista do Tricampeonato em 1970 ? Foi a partir desse período que o povo passou a associar “Pátria”, “Nação” e “Seleção” mais fortemente; imediatamente após a euforia, veio o chamado “Milagre econômico”, em 1972 .

  •   Roberto Carlos – Eu sou terrível

 Bailes eram um entretenimento muito comum pra juventude daquela época. E esta música do Rei animava mais ainda os casais de adolescentes apaixonados. Roberto Carlos sempre se portou, em suas canções, indiferente (Ou quase) à situação política do país na época.

  •   Maria Bethânia – Carcará

 Outro exemplo de mensagem subliminar, onde “Carcará” fazia alusão aos militares. A voz de Maria Bethânia foi um dos diferenciais para esse novo “Entendimento” sobre a música, que foi interpretada antes por Nara Leão.

  •  Erasmo Carlos – Sentado à beira do caminho

 Esse clássico marcou o auge da Jovem Guarda. Certamente muitas pessoas ouvem essa música até hoje. Assim como Roberto Carlos , Erasmo não se preocupava muito em criticar o governo militar, característica comum a todos os membros do grupo.

  •   Caetano Veloso – Alegria, alegria

 Essa música, de 1967, abriu o caminho para as perseguições sofridas por Caetano em todo o regime. Ela retratava de forma escancarada os problemas da época, os abusos, as restrições que impuseram à população e coisas afins que eram cotidianas.

  •   Elis Regina – O Bêbado e o Equilibrista

 A cantora gravou essa composição de João Bosco e Aldir Blanc no final da década de 70’ , com o regime já em fase de decadência. Ela pretendia dar força e voz aos que queriam a anistia .

  •   Caetano Veloso – É Proibido Proibir

 Em pleno início da ditadura “Ferrenha”, Caetano fez a loucura de gravar essa música, que foi uma verdadeira provocação aos militares. Ao cantá-la no teatro da PUC-SP , levou como prêmio, uma vaia da plateia.

  •   Geraldo Vandré – Caminhando ( Pra não dizer que não falei das flores )
 Essa música , gravada em 1968, em pleno governo do General Costa & Silva, com certeza foi o símbolo das pessoas que eram contrárias ao regime, cansadas de perseguições e mais perseguições. Com um toque de anarquismo e outro de repúdio aos militares, Vandré inclusive, convocava os expectadores à revolta.

  Vale lembrar também, desses 21 anos que, enquanto as figuras da MPB faziam essa "Guerra" de ideologias de acordo com o contexto político de então ( "Reacionários" vs "Elite" ), a música nacional foi bastante depreciada, perdendo espaço para o Pop e o Rock americano, que na época estavam a mil por hora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário