domingo, 1 de novembro de 2015

#EspecialFeriadão - Ep. 01 - "Rebolando até o chão" !



Por Bruno Mário 

  Olá mestres e mestras. Estamos no feriadão, e pra entrar no clima, vamos falar hoje de um gênero musical muito forte na cultura brasileira: A música Brega. Um dos ritmos mais presentes nas periferias de todo o país que, provavelmente, muitos estão ouvindo por aí afora nesse momento.

Contexto :
  
  Pra começar, trata-se de um gênero musical polêmico: Não tem um local de origem oficial conhecido, nem uma época precisa em que ele foi “Inventado”; mas podemos afirmar, com certeza, que ele ganhou força a partir da década de 1960, nas regiões Norte e Nordeste. Ao mesmo tempo, basicamente, o movimento eclodia em vários estados. O termo “Brega” passou a ser mais empregado pela mídia a partir da década seguinte; a razão dessa nomenclatura, segundo os estudiosos, era pra designar uma música “Cafona”, com letras carregadas de drama, que na maior parte, falavam sobre frustrações românticas; alguns até chamavam de “Romântico popular”. Isso tudo, em meio a uma repaginada que a música brasileira vinha sofrendo na época, com o surgimento da jovem guarda e movimentos associados.

Semelhanças com o Pop e a música italiana :

  Apesar de ser tido como algo “Cafona”, era algo no momento que remetia a modernidade, com o ritmo dançante do Pop, misturado às letras que, de certo modo, eram inspiradas nas músicas românticas italianas da mesma época. Portanto as letras (Que falavam de romance, bebida e riqueza), agregadas à emoção exacerbada da música italiana e ao gingado tradicional, formavam a magia do novo gênero. Um bom exemplo dessa “Mistura” bem feita é o hit “Pra Você”, do compositor paraense Didio , sendo nesse caso, uma paródia ao clássico “Torneró” , do “I Santo California” (1974) .
  Nesse período, Reginaldo Rossi, Amado Batista, Agnaldo Timóteo, Bartô Galeno,”Falcão” e Odair José eram os nomes mais fortes ligados ao Brega, já fazendo um sucesso nas cidades em que estavam. Alguns artistas do MPB pegaram carona e até fizeram trabalhos nesse ritmo, inclusive o Rei Roberto Carlos e Cauby Peixoto.

Anos 90’ e novas subvertentes :

  Na década de 1990, o single “Garçom”, de Reginaldo Rossi ficou famoso no Brasil inteiro, chegou a ser reproduzido por artistas de “Mais” renome como: Ivete Sangalo, Otto e Roberta Miranda. E ele então se tornara o “Rei do Brega” ,de fato, por também ser um árduo defensor do gênero, como contraponto aos que achavam “Música de baixo nível”.
  Mais adiante, do meio pro fim da década, em Belém/PA, foi criado o Brega Pop, que consistia em uma fusão com a música eletrônica e associado às danças indígenas ( Carimbó, Siriá...), com um ritmo mais acelerado dos passos da dança; na mesma época, o setor de informática/tecnologias estava vivenciando uma fase de grandes revoluções, por exemplo: O surgimento dos modernos teclados Yamaha, que foi um comburente pra uma revolução musical. O movimento teve como grandes precursores: Gaby Amarantos, Fafá de Belém e a Banda Calypso; isso deu, de fato, trouxe novas águas ao universo Brega. 
  Outra subvertente de grande destaque que apareceu na mesma época é o Tecnobrega, idêntico o Brega Pop, porém mais presente nas periferias. Hoje em dia, o Recife também detêm um grande mercado.

Anos 2000 e mais subvertentes são criadas :

  No começo do novo milênio, surgiu na Bahia mais uma ramificação do Brega: O Arrocha. Apesar de alguns membros da “Velha guarda” do brega fazerem apresentações esporádicas de arrocha, teve como grandes pioneiros: Tayrone Cigano e Lairton Paulino (Lairton e seus teclados), com o single “Morango do Nordeste”. A banda Asas Livres também deu uma forte contribuição ao novo movimento musical.
  Mais adiante, na metade da década, a Swingueira, também originária da Bahia, começava a dar seus primeiros passos. Nessa subvertente, o rebolado era mais intenso (E mais sensualizado), rente ao chão. Esse novo subgênero, logo ganhou espaço no carnaval de Salvador; e além disso, sempre há uma média de três músicas por ano, que viram febre na época de verão, em todo o Nordeste. Eventualmente há uma polêmica em torno desse tipo de música por (Algumas delas) serem muito remetentes à pornografia e à depreciação da figura feminina.
  Essa era foi um dos auges do Brega no país, sempre ocupando as primeiras posições nos rankings de músicas mais tocadas, sobretudo nas rádios das regiões onde faz mais sucesso. Sugiram também outras músicas que se destacaram, cantadas por “Conde do Brega”, “Kelvis Duran”, “Banda Metade”, “Banda Lapada”, “Vício Louco” e etc. , em Recife.

Anos 2010 - Morte de Reginaldo Rossi e um novo conceito dentro do Arrocha:

  Em 2013, o cantor Pablo, aderiu à “Sofrência”, um estilo de música que trata exclusivamente de romance em suas letras, semelhante à vertente-mor, porém divergente nos instrumentais e de ritmo mais lento, associado à voz típica dos cantores de sertanejo, característica pessoal do cantor.
No mesmo ano, a poucos dias de 2014, o gênero musical teve uma enorme perda: O Rei, que vinha se tratando de um câncer no pulmão, diagnosticado um mês antes, não resistiu às complicações e faleceu na sexta-feira 20 de dezembro; seu corpo passou a manhã do dia seguinte exposto no hall da Assembleia Legislativa de Pernambuco para que o público pudesse se despedir. Foi enterrado à tarde no Cemitério Morada da Paz, na cidade circunvizinha de Paulista. Durante o dia, vários bares e restaurantes do Recife e em muitos lugares do Brasil, reproduziram exclusivamente as músicas de maior sucesso do Rei, como forma de homenagem.
  Atualmente, há uma situação dentro do universo Brega que preocupa: A vertente-mor vem perdendo espaço tanto para as subvertentes como também para as músicas estrangeiras.

“Exportação” do gênero:

  O Brega tradicional originalmente carregava uma certa inspiração nas músicas românticas italianas; e não é que o feitiço voltou contra o feiticeiro ? Sim, em 2012 a banda italiana “Compagni di Merengue”, fundada 5 anos antes, lançou o álbum “Italian Brega”, o primeiro álbum de Brega gravado no país .

* E agora, a melhor parte; vamos curtir algumas das músicas que mais marcaram época !


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