Por Bruno Mário
Olá
mestres e mestras. Estamos no feriadão, e pra entrar no clima, vamos falar hoje
de um gênero musical muito forte na cultura brasileira: A música Brega. Um dos
ritmos mais presentes nas periferias de todo o país que, provavelmente, muitos
estão ouvindo por aí afora nesse momento.
Contexto :
Pra
começar, trata-se de um gênero musical polêmico: Não tem um local de origem
oficial conhecido, nem uma época precisa em que ele foi “Inventado”; mas
podemos afirmar, com certeza, que ele ganhou força a partir da década de 1960,
nas regiões Norte e Nordeste. Ao mesmo tempo, basicamente, o movimento eclodia
em vários estados. O termo “Brega” passou a ser mais empregado pela mídia a
partir da década seguinte; a razão dessa nomenclatura, segundo os estudiosos,
era pra designar uma música “Cafona”, com letras carregadas de drama, que na
maior parte, falavam sobre frustrações românticas; alguns até chamavam de “Romântico
popular”. Isso tudo, em meio a uma repaginada que a música brasileira vinha
sofrendo na época, com o surgimento da jovem guarda e movimentos associados.
Semelhanças com o Pop e a música
italiana :
Apesar
de ser tido como algo “Cafona”, era algo no momento que remetia a modernidade,
com o ritmo dançante do Pop, misturado às letras que, de certo modo, eram
inspiradas nas músicas românticas italianas da mesma época. Portanto as letras
(Que falavam de romance, bebida e riqueza), agregadas à emoção exacerbada da
música italiana e ao gingado tradicional, formavam a magia do novo gênero. Um
bom exemplo dessa “Mistura” bem feita é o hit “Pra Você”, do compositor paraense Didio , sendo nesse caso, uma paródia ao clássico “Torneró” , do “I Santo California” (1974) .
Nesse
período, Reginaldo Rossi, Amado Batista, Agnaldo Timóteo, Bartô Galeno,”Falcão”
e Odair José eram os nomes mais fortes ligados ao Brega, já fazendo um sucesso
nas cidades em que estavam. Alguns artistas do MPB pegaram carona e até fizeram
trabalhos nesse ritmo, inclusive o Rei Roberto Carlos e Cauby Peixoto.
Anos 90’ e novas subvertentes :
Na
década de 1990, o single “Garçom”, de Reginaldo Rossi ficou famoso no Brasil
inteiro, chegou a ser reproduzido por artistas de “Mais” renome como: Ivete
Sangalo, Otto e Roberta Miranda. E ele então se tornara o “Rei do Brega” ,de
fato, por também ser um árduo defensor do gênero, como contraponto aos que
achavam “Música de baixo nível”.
Mais
adiante, do meio pro fim da década, em Belém/PA, foi criado o Brega Pop, que
consistia em uma fusão com a música eletrônica e associado às danças indígenas
( Carimbó, Siriá...), com um ritmo mais acelerado dos passos da dança; na mesma
época, o setor de informática/tecnologias estava vivenciando uma fase de
grandes revoluções, por exemplo: O surgimento dos modernos teclados Yamaha, que
foi um comburente pra uma revolução musical. O movimento teve como grandes
precursores: Gaby Amarantos, Fafá de Belém e a Banda Calypso; isso deu, de
fato, trouxe novas águas ao universo Brega.
Outra subvertente de grande
destaque que apareceu na mesma época é o Tecnobrega, idêntico o Brega Pop,
porém mais presente nas periferias. Hoje em dia, o Recife também detêm um
grande mercado.
Anos 2000 e mais subvertentes são
criadas :
No
começo do novo milênio, surgiu na Bahia mais uma ramificação do Brega: O Arrocha.
Apesar de alguns membros da “Velha guarda” do brega fazerem apresentações
esporádicas de arrocha, teve como grandes pioneiros: Tayrone Cigano e Lairton
Paulino (Lairton e seus teclados), com o single “Morango do Nordeste”. A banda
Asas Livres também deu uma forte contribuição ao novo movimento musical.
Mais
adiante, na metade da década, a Swingueira, também originária da Bahia,
começava a dar seus primeiros passos. Nessa subvertente, o rebolado era mais
intenso (E mais sensualizado), rente ao chão. Esse novo subgênero, logo ganhou
espaço no carnaval de Salvador; e além disso, sempre há uma média de três
músicas por ano, que viram febre na época de verão, em todo o Nordeste.
Eventualmente há uma polêmica em torno desse tipo de música por (Algumas delas)
serem muito remetentes à pornografia e à depreciação da figura feminina.
Essa
era foi um dos auges do Brega no país, sempre ocupando as primeiras posições
nos rankings de músicas mais tocadas, sobretudo nas rádios das regiões onde faz
mais sucesso. Sugiram também outras músicas que se destacaram, cantadas por “Conde
do Brega”, “Kelvis Duran”, “Banda Metade”, “Banda Lapada”, “Vício Louco” e etc.
, em Recife.
Anos 2010 - Morte de Reginaldo
Rossi e um novo conceito dentro do Arrocha:
Em
2013, o cantor Pablo, aderiu à “Sofrência”, um estilo de música que trata
exclusivamente de romance em suas letras, semelhante à vertente-mor, porém
divergente nos instrumentais e de ritmo mais lento, associado à voz típica dos
cantores de sertanejo, característica pessoal do cantor.
No
mesmo ano, a poucos dias de 2014, o gênero musical teve uma enorme perda: O Rei,
que vinha se tratando de um câncer no pulmão, diagnosticado um mês antes, não
resistiu às complicações e faleceu na sexta-feira 20 de dezembro; seu corpo
passou a manhã do dia seguinte exposto no hall da Assembleia Legislativa de
Pernambuco para que o público pudesse se despedir. Foi enterrado à tarde no
Cemitério Morada da Paz, na cidade circunvizinha de Paulista. Durante o dia,
vários bares e restaurantes do Recife e em muitos lugares do Brasil,
reproduziram exclusivamente as músicas de maior sucesso do Rei, como forma de
homenagem.
Atualmente,
há uma situação dentro do universo Brega que preocupa: A vertente-mor vem
perdendo espaço tanto para as subvertentes como também para as músicas
estrangeiras.
“Exportação” do gênero:
O
Brega tradicional originalmente carregava uma certa inspiração nas músicas
românticas italianas; e não é que o feitiço voltou contra o feiticeiro ? Sim,
em 2012 a banda italiana “Compagni di Merengue”, fundada 5 anos antes, lançou o
álbum “Italian Brega”, o primeiro álbum de Brega gravado no país .
* E
agora, a melhor parte; vamos curtir algumas das músicas que mais marcaram época
!
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