Ennio Morricone segura seu primeiro Oscar (sem ser honorário) |
Por: Lucas Rigaud
A 88º cerimônia dos Oscars aconteceu nesse último próximo
domingo (28), em Los Angeles. Nesse especial de hoje, falaremos um pouco sobre
os vencedores e os indicados nas categorias de Melhor Trilha Sonora comentando
as qualidades e alguns defeitos de cada trilha. No próximo bloco, traremos o
especial com o vencedor e os demais indicados a Melhor Canção Original.
MELHOR TRILHA SONORA
Os Oito Odiados – O grande vencedor na categoria de Melhor Trilha
Sonora, e de forma justa! Escrito e dirigido pelo renomado cineasta Quentim Tarantino,
o filme é ambientado no velho oeste durante uma nevasca, onde 8 viajantes ficam
abrigados em um armazém e descobrem terríveis segredos entre si. A trilha
sonora, do mestre Ennio Morricone, é diferente da maioria de seus trabalhos em
filmes do gênero faroeste, por se encaixar perfeitamente aos momentos de tensão
do longa-metragem. A trilha mereceu ser premiada não só por ser uma nova obra
prima de Morricone, mas pelo fato de um músico ser um dos compositores de
cinema mais importantes da história e só ter levado para casa uma vez, e de
forma honorária, uma estatueta da Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas. Aos 88 anos e ainda na ativa, Morricone esteve presente na
cerimônia e esteve sentado ao lado de outra grande lenda (e concorrente) da
música de cinema, John Williams. Quando chamado, o artista italiano subiu ao
palco, recebeu seu tão merecido prêmio e agradeceu.
Carol – O filme, que conta a história de amor entre duas
mulheres (as fenomenais Cate Blanchett e Rooney Mara) na década de 1950, possui
uma bela trilha sonora, com uso de instrumentos como piano e harpa. O músico
responsável pela trilha sonora, Carter Burwell, fez um trabalho de extrema
perfeição que se encaixa certamente ao filme, sendo delicado, romântico e
triste nos momentos certos. Sem falar na presença do ótimo e nostálgico estilo anos 50, presente em alguns momentos da trila, que foi muito bem captado por Burwell. Era, sem dúvida, um forte concorrente.
Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força – O tão
aguardado sétimo filme da saga Star Wars despertou de diversas formas, porém,
preferiu ativar o modo “soneca” da trilha sonora por mais um tempo. John
Williams, o verdadeiro mestre sonoro que nos presenteou com as mais belas
trilhas de cinema de todos os tempos, pareceu não muito inspirado para criar os
temas do novo Star Wars. Algumas fontes dizem que o renomado músico está
passando por problemas de saúde. Obviamente, a trilha não é ruim, apenas
bastante inferior às demais soundtracks dos longas da saga. Temos ótimas
faixas, como “Rey’s Theme” e “March of the Resistence”, mas nenhuma delas consegue
ter “Força” para segurar todo o filme. Vale lembrar que John Williams tem 84
anos e já trabalha no ramo de trilhas de cinema há aproximadamente seis
décadas. É comum que o mestre tenha dado uma “relaxada” na nova criação;
Williams estará de volta nas trilhas dos Episódios VIII e IX. Vale lembrar também que
essa foi a 50º indicação do mestre John Williams ao Oscar.
Ponte dos Espiões – Assistir um filme de Steven Spielberg
sem a trilha sonora do John Williams, com quem o cineasta mantém uma duradoura
parceria há mais de 40 anos, é um pouco estranho, não é verdade? Talvez você
não estranhe muito quando assistir “Ponte dos Espiões”, o filme mais recente de
Spielberg, ambientado no clima de tensão da Guerra Fria, quem teve a trilha assinada
pelo músico Thomas Newman (que já foi indicado ao Oscar 13 vezes). Newman não é
um John Williams, é claro; isso não quer dizer que o compositor é bom, nem
ruim, e sim que ele possui um estilo próprio. Estilo esse que, uma vez
misturada com o talento do músico, rendeu uma grande trilha sonora, se
encaixando aos principais elementos do filme, como tensão, clímax e drama.
Sicario: Terra de Ninguém – Composta pelo músico Jóhann
Jóhannsson, que foi indicado ao Oscar ano passado pela trilha sonora de “A
Teoria de Tudo”, a trilha sonora de “Sicario” é interessante quando escutada
com atenção, pois possui faixas que mistura sons, como tambores e disparos de armas de fogo, que provocam, ao mesmo tempo,
adrenalina, clímax e tensão. O drama policial mostra uma operação contra o
tráfico de drogas na fronteira entre o México e os EUA. É novidade a Academia
de Artes e Ciências Cinematográficas indicar a trilha sonora tão “barulhenta”,
porém criativa e até mesmo contagiante, de um filme de ação.
Injustiças: É claro que o Oscar iria cometer algumas injustiças durante o ciclo de indicações. Duas grandes trilhas de dois grandes filmes ficaram simplesmente de fora. Primeiro, "A Garota Dinamarquesa"; o trabalho de extrema delicadeza, genuinamente belo e agradável de ouvir, composto pelo músico francês Alexandre Desplat (Harry Potter e as Relíquias da Morte Partes 1 e 2) ficou de fora dos indicados, sem mais nem menos. Segundo, o simples, brilhante e genial trabalho do compositor favorito da Pixar, Michael Giacchino, em "Divertida Mente", cujo tema principal a base de piano é simplesmente inesquecível.
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