domingo, 7 de fevereiro de 2016

OPINIÃO: Sobre Angra e Sepultura no carnaval de Salvador

Por Renan Soares

                                       Carlinhos Brown se prepara para começar apresentação no circuito Dodô (Foto: Mauro Zaniboni /Ag Haack)

Bom pessoal, esse é um texto o qual não me sinto nem um pouco feliz em fazer, mas diante dos vários comentários de headbangers xiitas que tenho visto em relação ao assunto, senti a necessidade de expressar aquilo que acho de alguma forma.
Antes de tudo, para você que provavelmente não está ligado no que estou falando, nesse sábado (06), as bandas Angra e Sepultura (os dois maiores nomes do metal nacional atualmente) tocaram em um trio elétrico no carnaval de Salvador, em um evento organizado pelo Carlinhos Brown, feito para os fãs de rock/metal também curtirem o carnaval da cidade.
Aí vocês me perguntam: Renan, você como headbanger, o que acha disso?
Sinceramente? Acho uma ideia fantástica, é legal que o carnaval de Salvador esteja também tentando cativar o público do metal (lembrando que lá eles tem também durante o carnaval, um palco dedicado apenas pro rock), e ainda mais, o Angra e o Sepultura tocando em um evento desses só mostra o respeito que ambas bandas conquistaram ao longo de suas carreiras, além de dar mais visibilidade pro estilo no país (que normalmente é pouca), mostrando que no Brasil também tem metal de qualidade. É ótimo que eles estejam sempre tentando incluir todos os públicos nessa grande festa que é o carnaval, coisa que todos só tem a ganhar.
Apesar que uma coisa eu admito, é estranho ver as duas bandas tocando em cima de um trio elétrico e ver o público ao redor acompanhando como se fosse uma banda de axé, mas acho que isso é uma questão mais de costume mesmo, tipo, se a apresentação fosse em um palco invés de um trio elétrico já não acharia estranho, mas como disse, provavelmente é mais uma questão de costume.
Outra coisa que fico feliz em ver é que o Carlinhos Brown não guarda ressentimentos do público roqueiro mesmo após o episódio ocorrido com ele no Rock In Rio de 2001, mas confesso que se tem uma coisa que achei meio desnecessário nisso tudo foi o Brown ficar dando uma de mestre de cerimônia tentando levantar o público, ele podia ter deixado isso para que as bandas no trio fizesse da forma deles, aliás, eles conhecem o público headbanger melhor que ninguém e sabem como levanta-los.
Mas claro, apesar de todos esses pontos positivos que citei aqui, ainda assim os headbangers radicais ficaram de mimimi por conta disso, porque segundo eles isso é uma "afronta" ao Deus metal, um "desrespeito" ao espírito do estilo, porque na cabeça deles, o metal tem ser "underground".
É nessas horas que só confirmo minha teoria que headbanger é uma raça chata. Sério, tenho raiva desse povo que é tão mente fechada a ponto de não ver as vantagens que esse evento pode proporcionar ao cenário do metal nacional, a valorização que o estilo está tendo no país com essa iniciativa, isso tudo porque na cabeça dos tr00 headbangers (apelido carinhoso que é dado para os metaleiros mais radicais) o metal tem que permanecer no underground e que coisas desse tipo é atitude de bandas "vendidas".
O que acho mais engraçado é que os mesmo que tão de mimimi com isso, são os mesmo que vivem reclamando que o metal brasileiro não vai pra frente por falta de visibilidade na grande mídia, é a mesma mentalidade daqueles que reclamam quando a sua banda favorita vai tocar no Rock In Rio (ou qualquer outro grande festival) com a desculpa que por conta disso, vai surgir "posers" de tudo que é buraco dizendo que curtem as músicas do grupo. E é por isso que o metal não vai pra frente, por causa dessa maldita "síndrome do underground' que esses "tr00s" tem.
Uma vez, o Edu Falaschi (vocalista do Almah e ex-Angra) criticou aqueles que tem essa mentalidade, defendeu que as bandas deveriam sempre pensar grande e querer sair do underground, e eu concordo com isso (leia mais sobre isso aqui), porque uma coisa é fato, nenhuma banda consegue grande prestígio permanecendo a vida toda no underground.
E pros que discordam disso, eu pergunto: O Iron Maiden, Metallica, Judas Priest, Slayer, ou até mesmo o Angra e o Sepultura, teriam conseguido esse prestígio todo que tem hoje se tivessem permanecido no underground? Eu duvido muito.
Por isso, quando ocorre uma coisa dessas (seja a banda tocar no carnaval ou em um grande festival) você devia era ficar feliz por isso, porque finalmente sua banda favorita conquistará reconhecimento, e isso sem falar que muito mais pessoas passaram a curti-la a partir dali (você não acha um saco quando as pessoas não conhece a maioria das bandas que você escuta? Eu acho, sinceramente). Claro, os "posers" também vão aparecer, mas você acha que os grandes nomes do metal também não tem seus "posers"? Isso é uma coisa inevitável.
Por isso, vamos parar com essa mentalidade pequena de que o metal deve permanecer no underground, porque se for assim, o estilo nunca será prestigiado no Brasil e as bandas continuaram tocando em locais com estruturas precárias para um público de 200 pessoas.
E espero que essa inciativa do Carlinhos Brown continue acontecendo daqui pra frente, e que se estenda para os outros estados do Brasil, porque agora começou apenas com o Angra e o Sepultura, quem sabe nas próximas edições não tenha também grandes nomes internacionais?
Para os que ficaram curiosos, eis aqui alguns vídeos da apresentação das duas bandas no carnaval de Salvador:

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