Por: Lucas Rigaud
A trilha sonora é um
elemento de extrema importância para a composição de um filme. O gênero terror,
por exemplo, necessita, em alguns casos, de músicas que entrem de acordo com a
temática do filme, criando a atmosfera adorada por todos os cinéfilos que
gostam de tomar bons sustos. Às vezes, até mesmo a ausência de uma trilha
sonora musicada, como em “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock, e “O Massacre da
Serra Elétrica”, de Tobe Hooper, causa tal efeito assustador digno que o
longa-metragem necessita.
Mas, nesse especial
de hoje, falaremos de algumas das melhores trilhas musicadas, de filmes do gênero terror, que, assim como o enredo e
desenvolvimento do próprio longa-metragem, podem causar calafrios na espinha de
quem escuta.
Os Inocentes (The Innocents,
1962)
Um clássico infelizmente pouco reconhecido, estrelado por Deborah
Kerr. “Os Inocentes”, adaptação do livro “Outra Volta do Parafuso”, de Henry James,
já começa em grande (e assustador) estilo, mostrando por 45 segundos um fundo
preto acompanhado da música infantil “O Willow Waly”, composta pelo músico
Georges Auric. O filme é um dos melhores exemplos do cinema de horror
psicológico, que encantou e assustou muita gente com inteligentes segmentos de
susto usando iluminação, ausência de cores, trilha sonora e brilhante uso das
atuações de Martin Stephens e Pamela Franklin.
Tubarão (Jaws, 1975)
O primeiro grande sucesso de Steven Spielberg possui a primeira grande trilha
sonora do mestre John Williams. Venerada, homenageada e plagiada por muitos
artistas e admiradores, a faixa título de “Tubarão” consegue dar mais medo que
o próprio monstro marinho antagonista do filme. O tom de suspense e o ritmo da
música, que vai aumentando, juntamente com o som, a cada nota , cria aquela
atmosfera tensa e praticamente inesquecível, quando é ouvida pela primeira vez.
Que atire a primeira pedra aquele que nunca sentiu um certo receio quando
estava dentro do mar e, de repente, lhe veio a música de “Tubarão” na cabeça! A
trilha sonora de Tubarão venceu o Oscar, o Globo de Ouro e o BAFTA.
O Bebê de Rosemary
(Rosemary’s Baby, 1968)
A trilha sonora de outro grande clássico do
terror psicológico da década de 60 foi composta e conduzida por Krzysztof
Komeda, que já havia trabalhado com o diretor Roman Polanski nas trilhas de “A Faca
na Água”, “Cul-de-Sac” e “A dança dos
Vampiros”. O tema musical mais famoso do filme é, sem dúvidas, o Rosemary’s Baby Main Theme, cujo vocal é da própria
atriz Mia Farrow, estrela do filme. Infelizmente, talvez devido à famosa
maldição do filme (que também envolve o assassinato da atriz Sharon Tate, esposa
do diretor Roman Polanski), Komeda veio a falecer aos 37 anos, em 1969, vítima
de um coágulo no cérebro. O trabalho do músico no longa-metragem, considerado
um dos mais assustadores de todos os tempos, é um grande apurado de canções de
ninar e músicas de rituais satânicos. Dizem as lendas que, para a criação das
músicas satânicas do filme, a produção chamou Anton LaVey, fundador da Igreja
de Satã e autor de "The Satanic Bibles", para auxiliar.
Halloween - A Noite
do Terror (Halloween, 1978)
Escrito, produzido e dirigido por John
Carpenter, o filme de baixíssimo orçamento também contou com a trilha sonora
composta pelo próprio mestre do terror. Carpenter criou uma famosa música de
piano como tema principal do psicopata Michael Myers, que é lembrada até os
dias de hoje como uma das mais famosas trilhas de filmes de terror.
O Exorcista (The
Exorcist, 1973)
O músico Lalo Schifrin acabou sofrendo com a criação da
trilha sonora de “O Exorcista”. Vocês que pensam que o tema musical do filme é
aquele lindo segmento de sinos, que chega a amenizar o trauma perturbador do
longa metragem quando sobem os créditos finais, não devem saber que a trilha
sonora original do filme foi rejeitada por ser assustadora demais. A trilha foi
banida após espectadores terem passado mal nos cinemas, após a exibição de um
trailer do filme. O resultado para o pianista argentino criador do clássico
tema de “Missão: Impossível” foi desastroso! Sua trilha sonora foi simplesmente
substituída por uma menos agoniante. Mas, apesar dos pesares, o tema “Tubular
Bells”, de Mike Oldfield, é um dos maiores clássicos da música de cinema de
todos os tempos e, só pelo fato de ser uma música mais bela, não quer dizer que
ela não assuste também.
Poltergeist – O Fenômeno
(Poltergeist, 1982)
O mestre Jerry Goldsmith, que também compôs a trilha
sonora vencedora do Oscar de A Profecia, deu um verdadeiro show na música de
Poltergeist, o filme inapropriado para aqueles que têm fobia de palhaço. A
trilha sonora do filme, composta por uma belíssima canção tema ao som de um
coral de crianças, acompanhada de flautas e violinos, não chega a causar um
desconforto no público, mas cria um ambiente de tensão. Há quem diga que a
trilha sonora, assim como a trilogia dos filmes, é amaldiçoada. Infelizmente,
há uma trágica história envolvendo a música de Poltergeist. A atriz Dominique
Dunne, que interpretou Dana, a irmã mais velha da garotinha Carol Anne, no
mesmo ano de lançamento do filme, foi morta estrangulada pelo ex-namorado, que
escutava a música tema de Poltergeist enquanto cometia o crime. A trilha sonora
foi indicada ao Oscar.
Psicose (Psycho, 1960)
Talvez, o clássico de Alfred Hitchcock
tenha a música de filme de terror mais famosa de todos os tempos. A trilha
sonora, composta e conduzida por Bernard Herrmann, é um dos pontos mais fortes
do filme. Herrmann decidiu deixar de lado os arranjos mais complexos e focou
apenas nos instrumentos de corda, diferente dos filmes daquela época que
presavam pela “grandiosidade” da música. A trilha de Psicose é desenvolvida de
acordo com a densidade psicológica do filme. A famosa cena do banheiro, por
exemplo, é um clássico exemplo do genial uso de violinos e a mesma nota
repetida, que causa uma sensação perturbadora, além de remeter a ruídos de
pássaros. O próprio Hitchcock queria, para essa cena, uma música que soasse
como uma lamentação dos pássaros empalhados pelo personagem Norman Bates.
Excelente! Parabéns ao Mestres Sonoros pela reportagem extremamente competente. Vocês são show!
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