quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Por Trás da Capa - Parte IV

 Por: Lucas Rigaud



Vocês sabem que John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr são muito além de os garotos de Liverpool. Em carreira solo, todos os eternos Beatles (sim, poucos sabem, mas Ringo realizou álbuns incríveis) fizeram obras memoráveis, como o caso de “Band On The Run”, de McCartney, que será tema do “Por Trás da Capa” desta quinta-feira. 

Confira a história "Por Trás da Capa" de Band On The Run, de Paul e Linda McCartney e os Wings! 

 Lançado em 1973 pela banda formada por Paul McCartney, Wings, sendo o terceiro álbum do conjunto, “Band On The Run” é considerado como o trabalho mais célebre de McCartney desde a separação dos Beatles e tornou-se um grande sucesso comercial da banda, sendo o álbum mais vendido em 1974 no Reino Unido e na Austrália. Foi o último álbum de McCartney e Wings lançado pela gravadora Apple.

 Com o sucesso de “Red Rose Speedway” e o lançamento do compacto com a música “Live and Let Die”, que foi tema do filme "Com 007, Viva e deixe Morrer (indicado ao Oscar de Melhro Canção Original, em 1974), os Wings começaram a trabalhar em um novo disco. Paul e Linda McCartney começaram a escrever novas canções no retiro escocês do casal, logo após encerrar a turnê de 1973 da banda. Paul, almejando gravar as canções em um lugar mais exótico, pediu a gravadora EMI uma lista de lugares possíveis com estúdios internacionais da gravadora. Após o pedido, o casal McCartney se depararou com Lagos (Nigéria) e até mesmo o Rio de Janeiro, mas teve de imediato a ideia de gravar na África. Juntamente com Linda e Paul, o guitarrista e pianista Denny Laine, o guitarrista principal Henry McCullough e o baterista Denny Seiwell tinham também a intenção de gravar no continente africano. Porém, poucas semanas antes da banda viajar, McCullough deixou os Wings; Seiwell seguiu o mesmo caminho uma noite antes da partida. A banda tratou de se informar sobre o estado dos estúdios de gravação em Lagos antes da partida para a Nigéria em agosto. Estes abandonos de última hora levaram apenas o núcleo da banda - Paul, Linda e Denny Laine - a se aventurar em Lagos, juntamente com Geoff Emerick, antigo engenheiro de som dos Beatles que esteve por lá para gravar as faixas básicas devido aos obsoletos equipamentos de gravação encontrados nos estúdios nigerianos.

Esperando gravar em um lugar pacífico e paradisíaco, a banda se decepcionou ao chegar a Lagos, descobrindo um local não tão bom quanto imaginavam, devido ao fato do país ser governado por um regime militar que tomou poder a partir de um recente golpe de Estado e a corrupção e doenças estavam fora de controle. O estúdio, localizado no subúrbio de Apapa (principal porto de Lagos), estava em ruínas e sem equipamentos necessários para a gravação do álbum.

 E a conturbada história de Band On The Run não para por aí: Uma série de incidentes ocorreu com a banda durante a estadia no país. Uma delas aconteceu enquanto Paul e Linda caminhavam durante a noite, sendo assaltados por delinquentes armados com facas. Os assaltantes levaram todos os seus objetos pessoais e até mesmo roubaram cassetes contendo demos de músicas a ser gravadas. Em outro momento, Paul desabou no estúdio, aparentemente por um ataque cardíaco. Outro incidente foi um conflito com o músico de Afrobeat e ativista local Fela Kuti, que publicamente acusou a banda de estar na África para explorar e roubar música africana após a visita da banda ao seu clube.

 Apesar dos (grandes) pontos negativos ocorridos, a banda gravou suas canções, sendo essas completadas na terceira semana de setembro. Foi durante as gravações de Ban On The Run que Linda McCartney mostrou seu talento para música, além da fotografia. Linda ajudou o marido nas composições, nos vocais e tocou teclado. Paul e Denny Laine gravaram guitarra, violão, piano, bateria e baixo para as músicas. Não... músicas, não... obras de arte! Incrível como um álbum possui todas as faixas boas! Para não deixar o texto longo demais, falaremos apenas das canções mais famosas.

  O álbum começa com a sua famosíssima faixa-título, sempre cantada por Paul McCartney nos seus shows aqui no Brasil e no mundo, que surgiu a partir de uma frase de George Harrison: “if I ever get out of here”. A música, principal marco na carreira de McCartney, começa primeiramente lenta, depois, repentinamente, torna-se uma balada, até atingir um ritmo impossível de deixar parado aquele que a escuta. Como se não bastasse a energia de “Band On The Run”, a segunda faixa aumenta ainda mais nossa vontade absurda de “voar”, graças ao rock de “Jet”; esta foi uma das poucas músicas do álbum gravadas no estúdio da EMI, logo após o regresso dos Wings da Nigéria. Há pouco tempo, McCartney explicou que a canção “Jet” era dedicada a um pônei que ele teve na infância (ooown). Outra faixa importante do álbum é “Let Me Roll It”, uma balada com o melhor estilo Paul McCartney. Há quem diga que a música é uma indireta a John Lennon. O fato é que John adorou a guitarra da música e usou uns riffs parecidos em “Beef Jerky”, do seu álbum “Walls and Bridges”. Por último, mas não menos importante, a música “Nineteen Hundred and Eighty Five”, além de mudar de ritmo diversas vezes, deixando-a cada vez mais contagiante, e possuir um dos melhores vocais de Paul na sua carreira, fecha o disco com chave de ouro.

BAND ON THE RUN


JET


LET ME ROLL IT


NINETEEN HUNDRED AND EIGHTY FIVE

 Band On The Run, depois de muita “correria” e reviravolta, foi lançado em 5 de dezembro de 1973, rendendo ótimas críticas e elogios. Entretanto, a reação comercial fora um tanto lenta, com as canções do álbum aos poucos alcançando as paradas, mas nos primeiros meses de 1974, reforçado pelo hit "Jet" e pela faixa-título, “Band On The Run”, o disco atingiu o sucesso merecido. Além das clássicas faixas musicais, o álbum é também conhecido pela sua famosa capa, que mostra uma banda tentando escapar da prisão. A imagem foi capturada elo fotógrafo Clive Arrowsmith e mostra, além de Paul, Linda e Denny, outras seis pessoas, também vestidas como prisioneiros; estre elas, estão os atores Christopher Lee e James Coburn e o escritor (e neto de Sigmund Freud) Clemente Freud.
 O álbum alcançou o topo da parada norte-americana da Billboard 3 vezes, e por fim ganhou platina tripla. No Reino Unido, “Band On The Run” passou sete semanas no pico da parada no meio do ano, tornando-se o álbum britânico mais vendido daquele ano. Seu sucesso prolongado foi também benéfico aos Wings, no momento em que procuravam novos integrantes para as vagas de guitarrista e baterista, e integrá-los na banda antes de iniciar novas gravações.

 No começo de 1975, Paul McCartney & Wings ganharam um Grammy por melhor performance de vocal pop de um grupo. Em 1993, a edição remasterizada do álbum foi lançada em CD com duas músicas bônus: "Helen Wheels" e seu Lado B "Country Dreamer". Em 1999, foi lançada uma edição comemorativa dos 25 anos de Band on the Run, que contou com dois cds, um com as músicas anteriormente lançadas e outro com diálogos e algumas versões das músicas do álbum. Em maio de 2007, o álbum podia ser encontrado na iTunes Store. A versão em fita cassete do disco foi lançada com oito faixas - a canção "Bluebird" foi editada, mas o restante foi preservado em sua integridade. O álbum foi ainda lançado em estéreo e, em 1996, no formato DTS-CD (ou 5.1 Disco).

 O álbum da "banda em fuga" está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Também entrou para a lista dos "100 Maiores Álbuns Britânicos de Todos os Tempos", ocupando a 75ª posição, e na lista dos "500 Melhores Álbuns" da revista Rolling Stone, ocupando a 418ª posição.

 Band On The Run é realmente um dos melhores álbuns de McCartney fora dos Beatles. Uma verdadeira obra-prima que contém canções com letras, ritmos e sons inesquecíveis.

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